Obra da Travessia Urbana não recebeu dinheiro federal em 2025

Obra da Travessia Urbana não recebeu dinheiro federal em 2025

Foto: Rian Lacerda (Diário)

Depois de vários meses em que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) reafirmava que a duplicação da Travessia Urbana seria totalmente concluída em dezembro deste ano, o deputado federal santa-mariense e governista Paulo Pimenta (PT) admitiu, em entrevista à Rádio CDN, que os trabalhos só devem ser concluídos em março de 2026, na melhor das hipóteses. O motivo: as construtoras não receberam nenhum centavo do Dnit de janeiro até agora por questões burocráticas e de Orçamento. Mesmo assim, acabaram seguindo com os trabalhos de forma lenta para não paralisar definitivamente a obra. Agora, Pimenta diz que está perto uma solução para o problema, com o remanejamento de verbas que não tinham sido usadas em outras obras. A duplicação dos 14,7 km da Travessia Urbana começou em 16 de dezembro de 2014, com a promessa de R$ 309 milhões e conclusão total em três anos. Agora, já vai completar oito anos de atrasos.


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De acordo com Pimenta, devido ao longo atraso, foi preciso fazer uma atualização dos valores, o que seria um processo burocrático e que deve ser concluído em breve.

– Imagina que você está fazendo uma casa. Aí você para de fazer a casa durante 5 anos, aí chama pedreiro e fala: “Ó, agora tu conclui para mim pelo valor que nós tinha combinado”. O cara vai dizer: “Não, tá brincando. Esse é o preço de 5 anos atrás” – comentou Pimenta, justificando a necessidade de atualizar o valor da obra.

– Agora nós conseguimos concluir a atualização dos valores do projeto. Já temos o projeto aprovado, já temos o quantitativo do recurso necessário, só que, por incrível que pareça, esse valor a mais não tinha previsão no orçamento, porque o orçamento estava em cima daquele original – disse Pimenta.


Previsão de liberação

De acordo com ele, o Dnit terá de pagar R$ 13 milhões a mais para as construtoras para atualizar os valores da duplicação da Travessia Urbana. A expectativa é liberar as verbas nas próximas semanas.

– Esses R$ 13 milhões, nós vamos conseguir liberá-los agora em dezembro. Por quê? Porque não tinha previsão no orçamento. O ritmo que as empresas estão trabalhando é o ritmo aquém do ideal. Para se ter uma ideia, não foi feita nenhuma medição (para ver o que foi feito e pagar às construtoras) este ano. Sim, o valor da medição não tinha previsão do orçamento. Então as empresas estão trabalhando.

Mesmo com as empresas sem receber um centavo, houve tratativas para tentar manter um mínimo de obras.

– A gente fez um esforço para que as empresas não parassem, mas as empresas não receberam este ano. O que foi pactuado? Que liberando esse recurso, eles botam as máquinas todas e concluem. Também não podemos exigir que a empresa compre asfalto sem receber. Sem garantir nem o recurso.

Segundo uma fonte da coluna, outro problema teria sido que o Dnit teria esquecido de colocar verbas para a Travessia Urbana no Orçamento de 2025. Por isso, está conseguindo remanejar dinheiro não usado em outras obras para a Travessia só agora no último bimestre do ano, quando isso é autorizado pelo governo.


Falta de resposta transparente e respeito com a população

É absurdo e uma falta de respeito com a população o que o Dnit fez este ano. Em inúmeras oportunidades, informou à imprensa que a duplicação da Travessia Urbana estava no cronograma e que iria andar. Em nenhum momento, admitiu problemas no Orçamento ou de burocracia para atualizar o valor da obra. Também nunca informou que, por conta dos problemas, as construtoras não receberam um centavo sequer durante 2025 e que, na realidade, estavam fazendo os trabalhos por conta, na esperança de receber um dia.

Isso explica bem porque houve tanta lentidão e só meia dúzia de funcionários trabalhando na construção da trincheira (pista escavada abaixo do nível do solo) do Trevo da Uglione. Ali, no início do ano, até foi colocado o viaduto metálico sobre a trincheira. As obras também seguem em ritmo de tartaruga na passagem inferior (pista abaixo da rodovia) de acesso à Urlândia, onde só foram concluídas as quatro pistas da duplicação na parte superior. Na rua de entrada da Urlândia, pelo túnel curto, falta asfaltar a pista. E na passagem inferior da Rua Vasco da Cunha, nenhum trabalho chegou a ser feito em 2025, pois o Dnit diz que retomará os serviços após a conclusão da Urlândia. Outro trabalho concluído foi a entrega da passarela do Bairro São João.

A Travessia iniciou em 2014 com promessa de 3 anos de obras. Já se passaram os governos Dilma, Temer, Bolsonaro e três anos de Lula. E nada de concluir a obra.


O que já foi concluído

Apesar dos problemas e do longo atraso, é preciso reconhecer que a duplicação da Travessia Urbana só saiu do papel graças à luta do deputado federal Paulo Pimenta de 2008 para cá e do Dnit para viabilizar a obra. Para se fazer justiça, também é preciso lembrar que dos 14,7 km, pelo menos 14 km já estão duplicados e sendo usados há anos, o que incluiu a construção e entrega de mais de 15 grandes viadutos, pontes e passarelas. Trevos e cruzamentos que eram muito perigosos e congestionados, como do Castelinho, Duque, Avenida Maurício Sirotsky Sobrinho, Faixa de Rosário e Tancredo Neves têm agora grandes viadutos. Até na Uglione, há dois grandes viadutos já prontos e sendo usados.

Essas obras mudaram totalmente a cara do perímetro urbano de Santa Maria, acabaram com a tranqueira na BR-158 (entre Castelinho e Uglione) e reduziram congestionamentos e acidentes – inclusive, houve redução de 46% no número de mortes nas BRs que cortam a cidade, se comparado o período de 2009 a 2018, antes da duplicação, com o ano de 2023.

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